O silêncio das autoridades hospitalares Mulheres denunciam maus-tratos e violação obstétrica no Hospital Provincial da Matola

 


O protesto ocorre num momento em que decorre no tribunal o caso de Leila Marisela. Uma mulher que deu entrada no hospital em 2021, para dar à luz e acusa o hospital de ter removido o seu útero sem permissão. Leila também afirma ter sido informada da morte da sua filha recém-nascida, mas nunca recebeu o corpo.


                            “Os nossos filhos desaparecem”


Entre as denúncias, destaca-se a recorrente dificuldade das mães em obter os corpos dos seus bebés quando estes morrem durante o parto ou pouco depois.

“Nós não recebemos os nossos bebés, mesmo quando dizem que estes morreram. Nunca nos apresentam o corpo”, disse Telcidia Guambe, uma das manifestantes.

A impossibilidade de realizar um enterro digno aumenta a dor das mães.


“Não sei o que fazem com os corpos, uma vez que nunca nos dão a possibilidade de os levar e enterrar. São nossos filhos. Dói perder um bebé e, depois, nem sequer ter um lugar onde chorar por ele”, lamentou Laiza Xavier, mulher presente no protesto.

Úteros removidos sem consentimento e objectos cirúrgicos esquecidos no corpo das pacientes

As manifestantes denunciam ainda que, em vários casos, mulheres saem do hospital com o útero removido sem terem sido previamente informadas ou consultadas.

“Muitas de nós só descobrimos que perderam a possibilidade de voltar a engravidar depois da cirurgia. Não nos explicam nada, simplesmente dizem que foi necessário”, relatou uma das mulheres.

Além disso, há queixas de pacientes que foram submetidos a operações no HPM e, posteriormente, descobriram que os médicos “esqueceram” objectos cirúrgicos dentro do seu corpo.

“Conhecemos casos de mulheres que tiveram dores horríveis durante meses e, ao procurarem outro hospital, descobriram terem compressas e outros materiais no corpo. E o HPM não se responsabiliza”, denunciou Teresa Massango.


               O silêncio das autoridades hospitalares


Até ao momento, o Hospital Provincial da Matola não emitiu nenhuma declaração sobre as graves acusações feitas pelas mulheres.

As manifestantes exigem que as autoridades de saúde investiguem os casos e tomem medidas para pôr fim às alegadas práticas abusivas que, segundo elas, marcam o atendimento naquela unidade hospitalar

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