A Crise na RENAMO: Entre o silêncio de Ossufo Momade, tensões internas e o apelo ao Governo expõem fragilidade do Partido


A RENAMO vive uma das mais profundas crises institucionais da sua história pós-guerra. O partido, outrora símbolo da oposição armada e política em Moçambique, encontra-se mergulhado numa crescente instabilidade, marcada por divisões internas, ocupações das suas instalações e um silêncio ensurdecedor por parte do seu presidente, Ossufo Momade.

 Nos últimos dias, a situação agravou-se com o encerramento em cadeia de delegações partidárias em várias províncias, culminando, esta Quarta-feira, com a ocupação do gabinete de trabalho de Momade. A ausência de uma resposta oficial por parte da liderança abriu espaço para manifestações públicas de descontentamento, agora com discursos mais agressivos. Num dos vídeos que circula nas redes sociais, é ouvida a declaração: “A RENAMO não quer a guerra, mas não tem medo da mesma.”

Horas depois da ocupação da sede nacional, Sacur Cardoso, chefe do Departamento de Mobilização da RENAMO no posto administrativo da Machava Sul, divulgou um vídeo em que apela ao governo para garantir a segurança das instituições do partido e proteger o líder Ossufo Momade. No vídeo, Sacur surge rodeado por um pequeno grupo de antigos guerrilheiros da RENAMO, em uniforme novo, mas desarmados, um detalhe que, mesmo assim, levanta dúvidas quanto à total desmobilização dos combatentes da organização.

“O governo está violando os Acordos de Roma, que estabelecem que as instalações do partido e os seus dirigentes devem ser protegidos. Em vez disso, o governo assiste a tudo como se fosse um espectáculo político. Será que é normal permitir que se ocupem delegações da RENAMO sem qualquer intervenção?”, questiona Sacur, insinuando uma atitude de aproveitamento político por parte do executivo.


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