O evento, longe de promover a reconciliação, revelou um partido fracturado, marcado por tensões internas, recados velados e confrontos abertos entre diferentes alas.
O presidente do Conselho Jurisdicional Nacional da RENAMO, o jurista Arnaldo Chalaua, aproveitou o momento para reafirmar o seu compromisso com os princípios estatutários do partido, afastando-se de qualquer aliança com agendas externas ou grupos de pressão.“Não estamos aqui para cumprir agendas estranhas. A RENAMO tem estatutos e órgãos próprios. A minha função é zelar pela legalidade dos actos do partido. Se isso for interpretado como mau aconselhamento ou como defesa do presidente da RENAMO, então estou cumprindo correctamente o meu dever”, declarou.
Apesar da tentativa de projectar estabilidade, vozes dissidentes expuseram um cenário bem mais conturbado. Orlando Cuna, antigo guerrilheiro da RENAMO, foi directo na crítica. “Aquilo ali não era nada, era festa. A luta vai continuar porque o povo não lhe quer”, disse, numa rejeição clara à liderança de Ossufo Momade.Por sua vez, Ossufo Momade, actual presidente do partido, reiterou que continuará no cargo por ser eleito.
A Declaração de Maputo, segundo os organizadores, baseou-se em cinco pontos estratégicos para o futuro do partido, mas os detalhes não foram tornados públicos. Para muitos, o evento foi mais um episódio de encenação política do que uma tentativa real de unificação.
Num tom severo, Arnaldo Chalaua também deixou críticas duras à imprensa e a certos sectores da opinião pública, acusando-os de fomentar a instabilidade:
“Aos que querem continuar, especialmente os jornalistas que apadrinham a desordem organizada e promovem agendas ocultas, que não abrirei aqui boa sorte. Continuem a manipular à moda ‘Moyana’.”
A declaração foi publicada na sua página oficial do Facebook.
A crise na RENAMO está longe de ser resolvida. As divisões internas reflectem um confronto crescente entre a legalidade formal defendida pelas estruturas do partido e a crescente insatisfação popular expressa por antigos combatentes e membros da base. Entre o passado de luta e a necessidade de renovação democrática, a RENAMO enfrenta talvez o maior desafio da sua história recente.
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